Diary Words

Hoje não deixei de passar mais uma noitada a dormir de pé, posso chamar-lhe assim, porque fechava os olhos e sentia cócegas na testa, uma sensação de descompressão do dia de trabalho, mas com os olhos postos no céu onde quase ninguém a esta hora pensa que existe.

Posso ser o único a esta hora a pensar em ti, posso ser um sonhador solitário, mas sinto-me diferente, e é na diferença que podemos marcar as estrelas que brilham por nós.

Podes-me chamar de irresponsável, pois sei que necessito de horas para dormir, pois sei que preciso de descansar para amanhã ter forças para enfrentar mais um dia. Mas não consigo, sem desejar-te boa noite, não consigo sem tentar construir a frase de amor mais especial no meu caderno. Tento puxar pela imaginação, tento inspirar-me em cada pormenor teu que me conquistou por completo. No fim gostava de arrancar a folha e afixar no vidro do teu carro, e surpreender-te. No entanto nunca irei fazer isso, sei quais são os meus limites, o que posso ser na quantidade que tu me deixas ser.

Se um dia não me puseres restrições de amar, entenderás o que digo, tudo o que sou...  

Tento ao mesmo tempo não ser tão lamechas, não ser tão romântico, porque poderás não gostar de mim por ser assim.

Guardo os meus segredos como este que escrevo nessas folhas, guardo o segredo de te amar sem horizonte, de querer atirar-me ao mar e apenas ir, não querer voltar a quem sou, encontrar a ilha paradisíaca do teu amor e viver toda a minha vida até aos meus últimos dias por lá.

Não tenho medo que a água congele os meus braços neste tempo de Inverno, não tenho medo de morrer pelo caminho. Sempre te disse isto, mas se tu és a minha vida, não tenho medo de perder todas as minhas forças à tua procura.

Queria sentir o cheiro do iodo, queria sentir a areia macia do meu porto de abrigo, queria sentir-te, por completo, quero entregar-me nos teus braços, como quis ontem…